Toma na cara Petrobras vai pagar mais de R$ 217 bi a acionistas em último ano de governo Bolsonaro
Toma na cara Petrobras vai pagar mais de R$ 217 bi a acionistas em último ano de governo Bolsonaro
03 Nov
Petrobras vai pagar mais de R$ 217 bi a acionistas em último ano de governo Bolsonaro
Petroleiros questionam na Justiça os dividendos bilionários e o investimento baixo da estatal
A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (3) que vai pagar mais R$ 43,7 bilhões em dividendos a seus acionistas neste ano. Levando esse valor em consideração, a estatal distribuirá ao todo R$ 217 bilhões a seus investidores só em 2022.O valor é mais do que o dobro pago referente aos resultados da empresa em 2021: R$ 101,3 bilhões – até aquele momento o maior dividendo da história da companhia.
É também cerca de 40 vezes o valor da média de dividendos pagos por ano pela Petrobras de 1995 a 2020: cerca de R$ 5 bilhões em valores nominais (sem correção). Os dados são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Dividendos são parte do lucro que empresas distribuem a acionistas.
No caso da Petrobras, a empresa já havia anunciado dois pagamentos de dividendos neste ano: R$ 48,5 bilhões no final do primeiro trimestre, mais R$ 87,8 bilhões no final do segundo trimestre.
Com o valor anunciado hoje, chega-se à marca dos R$ 180 bilhões.Além disso, a empresa ainda pagou neste ano R$ 37 bilhões referentes a parte do lucro obtida no ano passado. Só neste ano, portanto, a Petrobras já se comprometeu a repassar R$ 217 bilhões a acionistas.
Tal valor é questionado pela Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) e pela Federação Única dos Petroleiros (FUP). Para elas, tamanho dividendo compromete a capacidade de investimento da Petrobras e, assim, o futuro da companhia. Por conta disso, as entidades buscarão barrá-lo na Justiça. R$ 43,7 bilhões, a Petrobras poderia recomprar duas refinarias privatizadas durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e ainda concluir obras em outras plantas produtoras de combustíveis e de fertilizantes que a estatal possui.
"Além de questões legais, a distribuição de dividendos de tal magnitude é imoral.
"de forma absurda, a nova política de dividendos da Petrobras permite pagamentos trimestrais com saque, inclusive, na conta reserva de lucros, o que implica redução do patrimônio líquido da empresa".
Esse patrimônio é uma espécie de reserva que a companhia tem para investimento, por exemplo.A FUP e a Anapetro reclamam que, enquanto a Petrobras, remunera como nunca seus investidores, a empresa investe pouco. No primeiro semestre de 2022, foram R$ 17 bilhões
.As entidades também pretendem acionar o Tribunal de Contas da União (TCU), o Ministérios Público de Contas, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o pagamento dos dividendos anunciados.
O dado foi calculado pela gestora de investimentos Janus Henderson e divulgado em agosto.Isso ocorreu durante o governo Bolsonaro justamente por conta do baixo investimento da estatal e também dos altos preços de combustíveis vendidos pela Petrobras.
A política de dividendos da Petrobras é um dos maiores programas de concentração de renda e de evasão de divisas do país", disse o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo (OSP).
"A gente concentra renda porque o lucro da Petrobras é baseado em preços elevados de gasolina e gás pagos pela população.
Ainda perde dinheiro porque boa parte dos dividendos da Petrobras vai para o exterior."Hoje, mais de 45% dos acionistas da estatal são estrangeiros.
O governo, que é o controlador da empresa, tem 36% das ações.