a ditadura ainda é uma “ferida aberta” na história brasileira. Entre os motivos, ele cita a Lei da Anistia, promulgada em 1979, segundo a qual ficava impedida a criminalização, entre outros grupos, de servidores públicos, militares e sindicalistas por atos realizados durante o regime. “A lei buscava uma contemporização entre as Forças Armadas e a sociedade civil, mas não resolveu as questões que existiam entre os dois lados. E tornou válida a ideia de que a ditadura foi uma resposta necessária em um contexto marcado pela Guerra Fria e não um regime de exceção, de repressão de direitos, uma percepção ainda forte entre os militares”, explica Castelo Branco, que é descendente do primeiro presidente militar, Humberto Castelo Branco.
E essa ausência de um papel claro leva a outras questões. Em um momento de demonização da política e de descrença nas instituições, a criminalização da política vira uma ideia. E então a pergunta que muitos se fazem é: quem vai nos salvar? “Por conta disso, há um retorno à noção antiga de salvacionismo militar, com seus agentes como figuras messiânicas”, aponta Castelo Branco. “Acho que vivemos uma mistura explosiva no pós-1988: desigualdade social persistente, corrupção sistêmica, altos índices de criminalidade”, diz Napolitano. Há uma crença enraizada em parte da população de que a democracia é incapaz de lidar com esses problemas, e que as instituições só atendem às elites econômicas. Tudo isso converge para o que a historiografia chama de salvacionismo militar, ideia antiga na vida republicana, partilhada por setores militares e civis. Segundo esta crença, só as Forças Armadas estariam livres da corrupção, seriam guiadas por patriotismo desinteressado e teriam competência técnica para lidar com os problemas sociais e econômicos, sem os limites e rituais da democracia.
Na coleção Arquivos da Repressão no Brasil, publicada pela Companhia das Letras, também chama atenção a outro ponto que considera importante nos anos seguintes à redemocratização. Para ela, houve uma preocupação muito grande com a consolidação e preservação das instituições, mas sem que houvesse a criação de uma cultura democrática entre a população. “As instituições não podem se defender sozinhas e não houve preocupação em trabalhar o espírito democrático da sociedade, para que ela agisse nessa defesa.”E isso está ligado diretamente à educação, defende Napolitano. “A transição democrática não foi seguida de um trabalho ativo de disseminação de uma memória crítica do período autoritário e a defesa institucional da democracia. Boa parte da sociedade não tem acesso ao conhecimento histórico e fica à mercê de informações que chegam pelas redes sociais”,
E essa ausência de um papel claro leva a outras questões. Em um momento de demonização da política e de descrença nas instituições, a criminalização da política vira uma ideia. E então a pergunta que muitos se fazem é: quem vai nos salvar? “Por conta disso, há um retorno à noção antiga de salvacionismo militar, com seus agentes como figuras messiânicas”, aponta Castelo Branco. “Acho que vivemos uma mistura explosiva no pós-1988: desigualdade social persistente, corrupção sistêmica, altos índices de criminalidade”, diz Napolitano. Há uma crença enraizada em parte da população de que a democracia é incapaz de lidar com esses problemas, e que as instituições só atendem às elites econômicas. Tudo isso converge para o que a historiografia chama de salvacionismo militar, ideia antiga na vida republicana, partilhada por setores militares e civis. Segundo esta crença, só as Forças Armadas estariam livres da corrupção, seriam guiadas por patriotismo desinteressado e teriam competência técnica para lidar com os problemas sociais e econômicos, sem os limites e rituais da democracia.
Forças Armadas no Brasil, o que para ele é fundamental para um novo olhar a respeito da ditadura e para a superação desse capítulo da história, que a cúpula militar segue chamando de revolução.