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16 Feb
O trabalho assalariado não acabou a REAPARICAO DOS INVISIVEIS .
  1. A reaparição dos invisíveis

  2. O trabalho assalariado não acabou — e ocupa quatro vezes mais jovens que o “empreendedorismo”. Atingidos pelos retrocessos trabalhistas, eles foram esquecidos também por parte esquerda. O VAT mostrou sua força. Mas quem são?

  3. Logo depois das eleições municipais de 2024, no calor dos debates sobre a dificuldade de candidatos e partidos à esquerda dialogarem com “as periferias” e as “classes populares”, um acontecimento chamou a atenção da mídia e do cenário político: a emergência de um movimento reivindicando o fim da escala 6X1. Chamado VAT, acrônimo de “Vida Além do Trabalho”, o movimento traz como principal bandeira o fim do regime semanal de seis dias de trabalho para um de descanso e afirma a necessidade de limitar a jornada de trabalho para que haja tempo para o lazer, a convivência com a família e amigos, os estudos e os cuidados com a saúde. Ou seja, para usufruir da vida.

  4. Tudo nesse movimento parece inusitado e improvável, porque desvela atores invisíveis, e põe em cena agendas decretadas como desatualizadas, lutas consideradas perdidas, identidades que algumas análises acadêmicas interpretam como não tendo mais apelo. 

  5. E, sobretudo, contraria várias narrativas correntes a respeito das posições dos jovens no mundo do trabalho, das suas experiências, queixas e demandas, do que os toca e mobiliza.

  6. Quem se dispõe a observar com algum cuidado os protagonistas desta mobilização constata que o VAT é composto em sua grande maioria por jovens das classes populares (o que, em geral, coincide com morar “nas periferias”), trabalhadores assalariados nos setores de comércio e serviços.

  7.  Essa é uma primeira dimensão do espanto, porque os diagnósticos correntes sobre os jovens no Brasil tendem a ressaltar as dimensões da inatividade, exibindo dados sobre o sempre notável número de nem nem, a evasão escolar e o desalento ou o subaproveitamento da força de trabalho nessa geração. 

  8. Também porque impera um discurso de que, devido às transformações no mundo do trabalho, os jovens dessa geração estariam absolutamente distantes da experiência do trabalho assalariado, sendo todos conta-própria, autônomos, empreendedores ou aspirantes a se estabelecerem como tais.

  9. A segunda dimensão do espanto vem do fato de que uma mobilização tão significativa tenha sido provocada por “um grito de dor”, denunciando uma situação de exaustão que afeta a saúde física e mental desses jovens; que o mote da mobilização tenha sido essa identidade na dor, a necessidade de dizer “chega”, dizer “desse jeito, não”, indo na contramão do que dizem os apelos lançados à potência, resiliência, garra dos jovens, que tem fundamentado as propostas de empregabilidade e empreendedorismo.

  10. Por fim, surpreende também o fato de esses jovens se identificarem como parte “das classes trabalhadoras”, construírem suas reivindicações tomando como referência a legislação trabalhista (CLT) e levantarem, com uma importante releitura, uma bandeira que atualiza uma demanda clássica da luta por direitos do trabalho: a limitação da jornada e a defesa do descanso remunerado, contrariando uma tese corrente de que a agenda de direitos do trabalho estaria superada, 

  11. 6x1", que é um regime comum em alguns países onde o trabalhador trabalha seis dias e folga um. Vou tentar esclarecer alguns pontos relacionados a isso:
    1. Escala 6x1: Nessa escala, o trabalhador tem apenas um dia de folga por semana, o que pode ser bastante cansativo e impactar a qualidade de vida. Muitas vezes, esse regime é criticado por ser desgastante e deixar pouco tempo para descanso e lazer.
    2. Impacto no Poder de Compra: Se você está relacionando a escala 6x1 com o poder de compra, é importante considerar que, mesmo trabalhando mais dias, se o salário não for compatível com o custo de vida, o poder de compra pode não melhorar. Trabalhar mais horas ou dias não necessariamente se traduz em maior poder de compra se os salários não forem ajustados adequadamente.
    3. Possíveis Melhorias: Se houver mudanças nas leis trabalhistas ou acordos coletivos que reduzam a carga horária (por exemplo, mudando para uma escala 5x2), isso pode melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. No entanto, o impacto no poder de compra ainda dependerá de outros fatores, como ajustes salariais e controle de inflação.


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