Em Brasilia mais 5 mil estao em acampamento contra as Politicas de um protofascista ,
15º. Acampamento Terra Livre (ATL), maior mobilização dos povos indígenas brasileiros, começou por volta das 5 horas da madrugada desta quarta-feira (24) em meio à crescente violação de direitos desde que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assumiu o governo, há pouco mais de cem dias. As lideranças montaram, pacificamente, o acampamento com barracas de lona no gramado da Esplanada dos Ministérios, na altura do Ministério de Minas e Energia. Pela manhã já estavam no local mais de 2.000 pessoas, das 4.000 previstas para participar das manifestações até sexta-feira (26). Entretanto, representantes do governo federal e da Polícia Militar do Distrito Federal solicitaram que os indígenas mudassem o acampamento de lugar. Depois das negociações, entre os organizadores da manifestação e das forças de segurança, os indígenas se transferiram, por volta das 11 horas, para a região do Teatro Nacional, cerca de um quilômetro mais afastado da Praça dos Três Poderes. No acordo ficou decidido que no novo local os indígenas podem montar a estrutura de banheiros e refeitório.A mudança do local do acampamento atendeu um pedido do próprio governo Bolsonaro, que é crítico aos protestos. Sérgio Moro, ministro Justiça e Segurança Pública, determinou o uso da Força Nacional de Segurança Pública na Esplanada dos Ministérios, no dia 17 de abril. A autorização tem validade de 33 dias, e foi demandada pelo Gabinete de Segurança Institucional, cujo ministro é o general Augusto Heleno. O objetivo do governo era manter as manifestações distantes da Esplanada e do Palácio do Planalto. Além das marchas do ATL, está previsto também um protesto de centrais sindicais contra a Reforma da Previdência, que deverá acontecer no dia 1º de maio.“Nós recebemos a comunicação do Ministério da Justiça de que não podemos permanecer neste espaço, sendo que este espaço é muito simbólico dos povos indígenas há quinze anos, vir aqui utilizar para reuniões, debates e discussão dos nossos direitos”, afirmou Angela Kaxuyana, da comissão executiva da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).Em nota oficial, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC/MPF) reagiu contra a medida do ministro Sérgio Moro. “É manifestamente inconstitucional e ilegal o emprego da Força Nacional de Segurança Pública em atividade de segurança preventiva, ostensiva ou investigativa, originariamente de responsabilidade de um Estado ou do Distrito Federal, por mera solicitação de um Ministro de Estado, salvo, eventualmente, em situações de intervenção federal”.
Para Luiz Eloy, indígena Terena, advogado, doutor em antropologia social e assessor jurídico da Articulação dos povos indígenas do Brasil (Apib), a principal pauta do ATL é justamente abordar os retrocessos que estão acontecendo no âmbito do governo Bolsonaro.“Começando pela medida provisória 870, que reestruturou o governo e trouxe profundas ingerências na Funai, a questão da municipalização da Saúde Indígena e também a luta contra o marco temporal no âmbito do judiciário”, disse Eloy Terena.“Nossa expectativa é trazer a resistência do movimento indígena, dos povos indígenas, de estar aqui reafirmando a nossa defesa para que nossos direitos não continuem sendo violados pelo Estado brasileiro”, afirmou Angela, do povo Kahyana, aldeia Purho Mïtï, na Terra Kaxuyana-Tunayana, que foi declarada pelo governo de Michel Temer (mandato entre 2016 e 2018), mas não demarcada.
“Esperamos uma coisa positiva para o nosso lado. Que nossa cultura, nossos direitos, nosso território sejam respeitados”, afirmou Alcides Makuxi, da Comunidade do Barro, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, de Roraima, um dos principais alvos da campanha presidencial de Bolsonaro, que ameaça desmarcar a terra indígena.