E SIMPLES DE ENTENDER Por que o Brasil abre escritório na embaixada em Washington e não em Pequim?
E SIMPLES DE ENTENDER Por que o Brasil abre escritório na embaixada em Washington e não em Pequim?
02 Feb
Por que o Brasil abre escritório na embaixada em Washington e não em Pequim?
Em decorrência da instalação de uma representação da Economia na Embaixada do Brasil nos EUA, teve uma entrevista com um cientista político para saber o que está por trás da implementação da entidade em Washington.Em 26 de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro CRIOU a criação de um escritório do Ministério da Economia na embaixada brasileira em Washington.
O decreto foi também assinado pelo ministro Paulo Guedes
.Como esse passo caracteriza as relações entre os Estados Unidos e o Brasil? Poderá o novo escritório trazer investimentos para o país? Estes e muitos outros aspectos foram questionados pela Sputnik Brasil em entrevista com
Descentralização da diplomacia
Primeiramente, Pedro Costa destaca que a iniciativa da criação do escritório vem do próprio Ministério da Economia, sendo uma tentativa "de certa maneira driblar o Itamaraty" e negociar diretamente com os Estados Unidos. Em termos mais gerais, a medida confirma um fenômeno da diplomacia decentralizada, que se tornou muito comum no país a partir dos anos 90 e que vai se tornar "cada vez mais inexorável".
Conforme ele explica, com a chamada onda de globalização, com mais frequência começam a ser construídas medidas diplomáticas de natureza mais "pulverizada", ligadas à para-diplomacia com organizações transnacionais, de setores privados ou públicos que não têm ligações diretamente ao Itamaraty ou ao governo federal e desenvolvem relações diretas com outras nações.
A pandemia também incentivou o processo de uma maneira forte, que se reflete, por exemplo, em negociações sobre as entregas de vacinas."Então, é uma medida que pode levantar uma certa polêmica porque o Itamaraty não gostou da medida, que causa estranheza à diplomacia mais tradicional", pondera o analista.
Motivos para abertura
Teoreticamente, a ideia principal é que essa iniciativa governamental atraia investimentos para o Brasil. Contudo, do ponto de vista do professor, ainda é cedo demais para dizer se a nova estrutura será capaz de alcançar o objetivo estabelecido.Na opinião de Pedro Costa, quase quatro anos de governo Bolsonaro deixaram claro que a transparência não é um ponto forte dele.
O documento oficial que justifica a abertura desse escritório, segundo o professor, está "pautado em uma série de medidas delirantes de Paulo Guedes que o Brasil já teria tomado e que o Brasil está muito longe de ter alcançado", como o combate à corrupção brutal, uma redução da burocratização do Estado e o aumento do investimento direto. Mas "é uma realidade paralela", afirmou.
Funcionamento da futura estrutura
Em teoria, o escritório será subordinado "administrativamente" à embaixada, mas tecnicamente será responsável o Ministério da Economia. O interlocutor vê nesta situação "uma espécie de geringonça brasileira", porque os funcionários estarão na embaixada em Washington, mas vão responder diretamente perante o ministro Paulo Guedes e seu ministério, passando, ao mesmo tempo, a dar satisfações ao Ministério das Relações Exteriores.
um dos homens de Paulo Guedes", que é funcionário do Ministério da Economia. No contexto do Brasil passando pela crise mais acentuada desde a redemocratização, sob gestão "de ineficácia incontestável" do atual ministro da Economia, o cientista entrevistado não espera muito da nova estrutura.Do ponto de vista de ganhos e custos da medida, ele também acha preocupante o nível de eficácia desse gabinete. Pelos cálculos dele, o escritório vai "custar muito aos cofres brasileiros" porque o secretário vai ter o salário do mesmo nível de um ministro, cerca de 27 mil reais, e o subordinado dele vai ter o de vice-ministro, que é cerca de 25 mil reais ou um pouco mais.Adicionalmente, em vista à perspectiva de crescimento do PIB do Brasil neste ano ser próxima a zero, segundo o Fundo Monetário Internacional, e considerando a falta de credibilidade internacional do Ministério da Economia do Brasil e da figura presidencial, "dificilmente ele vai ter sucesso em ser eficaz na atração de investimentos", resumiu.
Nas avaliações do professor, a implementação dessa nova estrutura terá finalmente,
Embora na fachada das motivações de abertura desse escritório haja atração de novos investimentos, "ele não vai ter essa força, nem essa eficácia e nem essa competência", pelo menos no primeiro ano, acredita."Não é condenável a abertura dele por si só, quer dizer, ele faz parte de um movimento de formar novos canais diplomáticos a partir de uma nova diplomacia."Se tivesse muito sucesso, esse escritório poderia trazer investimento a um setor ligado ao mercado financeiro ou ao alto agronegócio, mas vai depender dos lobbies com que ele vai trabalhar.
É preciso olhar com bastante atenção para a atuação política que a estrutura vai ter, "mais uma vez concorrendo concomitante a troca da embaixadora aqui no Brasil por uma embaixadora muito experiente e próxima a John Kerry, o enviado especial para o clima do governo americano, e um giro para Joe Biden,