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18 Feb
A INFLACAO DOS ALIMENTOS DE QUEM E A CULPA!

De quem é a culpa?

A inflação dos alimentos tem três fatores principais: clima, câmbio e os preços das commodities cotadas no mercado internacional.

Com a ocorrência de eventos extremos cada vez mais frequentes, como as queimadas que afetaram o Norte, o Sudeste e o Centro-Oeste, além das longas estiagens, o impacto sobre a produção de alimentos tem se tornado cada vez maior.Sabemos que as mudanças climáticas têm como causa a ação humana através da emissão de gases de efeito estufa.

 Mas essas emissões não podem ser atribuídas a governo A ou B, embora seja forçoso reconhecer que tivemos no Palácio do Planalto nos últimos anos visões muito distintas em relação às políticas de preservação ambiental por parte dos governos Lula e Bolsonaro.

Com eventos climáticos cada vez mais extremos, safras têm sido perdidas, impactando a oferta e aumentando a pressão inflacionária. Mas o clima é só uma parte do problema. Outro fator está 

. A desvalorização do real frente ao dólar impacta diretamente a dinâmica das exportações brasileiras.

 Com o dólar valorizado, se torna mais atrativa para os produtores a venda no mercado externo ao invés da comercialização no mercado nacional.Além disso, parte dos insumos necessários à produção – como máquinas pesadas e fertilizantes – são importados em dólar, o que encarece os custos e impacta no preço final. 

Ademais, com uma safra menor entre 2023/2024, diminuiu a entrada de dólares na economia, o que também contribuiu para a desvalorização do real. Ao todo, a moeda brasileira fechou o ano valendo -21% em comparação com o início de 2024. 

O ataque especulativo criado artificialmente no fim do ano e “turbinado” pelas incertezas geradas com a posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos também contribuiu para desvalorizar nossa moeda e estimular a exportação dos alimentos, desequilibrando a oferta.

Por fim, mas não menos importante, a política dos governos Temer e Bolsonaro de eliminar tirou do governo atual um importante instrumento de combate à inflação de alimentos. Sem esses estoques o governo não tem como ampliar a oferta vendendo alimentos e baixando a pressão inflacionária gerada pela demanda de uma economia aquecida.

A volatilidade do preço internacional das commodities também afeta o preço dos nossos alimentos aqui no Brasil. 

A sua variação é determinada principalmente pela oferta e demanda internacional, funcionando como um indicador para o negociador conhecer os possíveis cenários ao preço da commodity.A culpa da inflação dos alimentos, portanto, não pode ser atribuída unicamente ao atual governo.

 Ela se deve à desvalorização do real frente ao dólar, ao aumento dos eventos climáticos extremos e os prejuízos por eles gerados, além da desestruturação dos estoques reguladores. Isso não significa, no entanto, que a atual equipe econômica esteja de mãos atadas. 

É possível – e mais que isso, necessário – agir para conter a alta no preço dos alimentos que tem penalizado os mais pobres.

O que não funciona?

Diante de qualquer tipo de inflação – seja ela de demanda ou de custos – os economistas ortodoxos sempre tiram da cartola a mesma solução: aumento da taxa básica de juros. 

Segundo eles, com taxas mais elevadas a economia perde dinamismo, com recursos sendo drenados da economia produtiva para os ganhos financeiros, o que diminui a demanda por produtos e consequentemente a inflação, mesmo que as consequências sejam o desemprego e a fome.

O problema desse raciocínio reside no fato de que, apesar de uma economia aquecida, a inflação dos alimentos não está relacionada à demanda, mas como já vimos, aos custos de produção e ao câmbio. Nenhum dos dois problemas pode ser resolvido no curto prazo com a alta da taxa de juros, especialmente com a ameaça de uma mudança na política de juros do Banco Central dos Estados Unidos.Segundo artigo intitulado “Transmissão Assimétrica da Política Monetária sobre a Inflação por Grupos do IPCA: 

Uma Análise Empírica”, publicado por um grupo de pesquisadores do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo, a elevação de 1% da Selic reduziria os preços dos alimentos em 0,05% em… vinte quatro meses! Ou seja, o aumento dos juros como forma de controle dos preços dos alimentos no curto prazo é ineficiente.

Outra suposta solução que aparece em momentos de alta dos alimentos é a famigerada proposta de “controle de preços”. A experiência remonta aos anos 1980, quando a inflação brasileira estava fora de controle. 

A medida, no entanto, é de difícil operacionalização. Segundo Pedro Rossi, professor livre-docente do Instituto de Economia da Universidade de Campinas, além dos elevados “custos políticos”, o controle de preços é quase impraticável num mercado com múltiplos produtores como é o caso do Brasil.

O que funciona?

Se o controle de preços e o simples aumento da taxa de juros não resolvem o problema, o que fazer? 

É preciso combinar medidas de curto e médio prazo. Entre elas, podemos citar:– Manter e ampliar a desoneração da cesta básica, condicionando o benefício fiscal à oferta no mercado interno;

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