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12 Jan
A esquerda do século XXI é antineoliberal  no Brasil não !

A esquerda do século XXI é antineoliberal no Brasil não 


 

  1. Com à certeza de qie desde que o capitalismo assumiu como seu modelo o neoliberalismo, isso redefiniu o caráter e as formas de atuação da esquerda. Ser anticapitalista, neste período histórico, é ser, antes de tudo, antineoliberal.

    Resistir e combater a hegemonia neoliberal em todo mundo deve ser o objetivo central da esquerda no século XXI.

    Ao longo do século XX, com uma correlação mais favorável, a esquerda tinha objetivos distintos. A correlação de forças internacional era distinta. O fim da URSS e do campo socialista representou uma derrota e um retrocesso enorme para toda a esquerda no mundo, mesmo para aquela esquerda que não aprovava o modelo soviético. A expectativa deste era a saída do modelo soviético para um modelo de socialismo democrático, em que não houvesse a estatização dos meios de produção, mas sua socialização nas mãos do proletariado. Em que não houvesse um modelo político de partido unido, mas uma diversidade política.

    Não foi o que aconteceu. Ficou claro que os russos não queriam democracia, mas consumo. Foram privatizadas grande parte das empresas estatais. A Rússia não saiu do modelo estatal de socialismo para um modelo democrático, para a restauração do capitalismo.

    O socialismo praticamente desapareceu do cenário mundial. A China apelou para um modelo de mercado para revigorar seu modelo de socialismo. Cuba resiste, não sem dificuldades, para manter seu socialismo.

    O modelo neoliberal se estendeu pelo mundo como nenhum outro modelo havia expandido. Agora com a novidade de que ele chegou aos países ex-socialistas do leste europeu e à própria Rússia. 

    Na America Latina, e também na Europa, governos socialdemocratas e nacionalistas aderiram ao neoliberalismo.



    A esquerda passou à defensiva, perdeu inciativa, passou a centrar sua luta na resistência ao neoliberal. O próprio Fórum Social Mundial – que passou a agrupar todos os que resistiam ao neoliberalismo e teve como lema: ''Um outro mundo é possível'' –, teve que lutar pela reafirmação de que o neoliberalismo não era a única possibilidade, de que o pensamento único e o fim da história não tinham vigência.

    A única região do mundo que teve governos antineoliberais foi a América Latina. Com programas alternativos ao neoliberalismo, centrados na prioridade das políticas sociais e não no ajuste fiscal; na integração regional e não nos tratados de livre comércio com os EUA; no resgate de um Estado ativo e não na centralidade do mercado. 

    O modelo neoliberal continuou a ser o modelo hegemônico no mundo. A esquerda seguiu na defensiva, só conseguindo modelos alternativos na América Latina. Os novos dirigentes da esquerda no mundo vieram da América Latina: Hugo Chávez, Lula, Nestor e Cristina Kirchner, Pepe Mujica, Evo Morales, Rafael Correa, López Obrador, surgidos dos governos latino-americanos.

    Uma esquerda antineoliberal, a latino-americana.

    Resistir ao neoliberal e derrotar o neoliberalismo é o caminho atual da esquerda no mundo. Uma via ainda frágil, porque o neoliberalismo continua hegemônico nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia. Com exceção da América Latina e da China. Esta tem um programa antineoliberal, com o papel predominante do Estado, combinado com formas de mercado, para desenhar um modelo não estatal do socialismo – como era o modelo soviético.



    O período histórico ainda é de defensiva da esquerda. E de disputa ideológica e política. Conforme os resultados da luta de resistência e superação do neoliberalismo, teremos o caráter do próximo período. Pode ser que este período se prolongue ainda mais. Depende das forças antineoliberais latino-americanas conseguirem aliados fortes no centro do capitalismo. E da articulação dessas forças com a China e a Rússia, através dos BRICS. O que supõe a reintegração do Brasil nos BRICS e um espaço de aliança entre a América Latina, a China e a Rússia, como portadoras da alternativa de um mundo multipolar.
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